21/11/2018

Auditório da Câmara Municipal de Barcelos recebe debate sobre fatores de sucesso no e-commerce.
Em primeira mão, António Teixeira avançou que a ACEPI vai atribuir pela primeira vez o prémio PME Norte Digital, em Maio de 2019.

No dia seguinte a passar por Santo Tirso, o roadshow Norte Digital seguiu para o auditório da Câmara Municipal de Barcelos para uma sessão de informação em que se discutiu a necessidade de instituições de ensino e empresas cooperarem para formarem profissionais qualificados para o mercado de trabalho digital.

A dar as boas-vindas aos empresários estiveram Miguel Costa Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Alexandra Malheiro, responsável pela primeira pós-graduação em Marketing Digital e Diretora da Escola Superior Hotelaria e Turismo do Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA) e João Albuquerque, Presidente da Associação Comercial e Industrial de Barcelos.

António Teixeira, do projeto Norte Digital, lembrou que a forma tradicional de exportar está a diminuir enquanto os negócios online estão a crescer. “As PME devem considerar claramente a estratégia omnicanal.”, disse. Em primeira mão, avançou que a ACEPI vai atribuir pela primeira vez o prémio PME Norte Digital, em Maio de 2019.

Pedro Costa foi o orador especialista convidado para falar sobre os Desafios e Oportunidades no Comércio Eletrónico. O consultor explicou que é urgente que as PME compreendam que a presença online requer uma monotorização contínua e aposta forte no marketing digital. “Ter um site não é garantia de nada, podemos ter um site com zero visitas.”, expôs. O responsável pelo marketing digital da Loja do Shampoo clarificou que a estratégia para a publicidade online deve incluir, pelo menos, os seguintes meios: Google, Facebook, Email Marketing, mensagens de telemóvel e recurso a influenciadores. Sobre este último tópico, Pedro Costa adiantou dados que sustentam que nem sempre é mais rentável investir em personalidades mais conhecidas. “Os influenciadores que têm até 1000 seguidores, geram um engagement até 9.7 vezes maior do que os influenciadores com mais de 100 mil seguidores”. Fundamental em qualquer dos cenários é a qualidade dos serviços. Pedro Costa deu como exemplo o caso da Loja do Shampoo, que tem uma avaliação de 4,8 (escala até 5) e quase 2000 comentários no Facebook feitos pelos clientes e a que a marca está sempre atenta. Para Pedro Costa a avaliação tão positiva reside nos serviços que prestam ao cliente e celeridade na comunicação. “Temos de competir pela qualidade de serviços e tratar os nossos clientes como se fossem únicos.”, esclarece. O especialista em e-commerce elucidou ainda as PME presentes sobre os desafios de abrir uma loja virtual e apresentou as alternativas disponíveis. “Na loja livre, como o prestashop, por ex, a loja está sempre ligada à mesma equipa, na loja alugada, como é o caso do shopify ou redicom, não temos o encargo de trabalho com uma equipa de T.I mas estamos “cativos” daquela plataforma, já a loja própria é a melhor alternativa mas é mais com mais caro, pelo que apenas os grandes players apostam nisto.”

Pedro Costa foi um dos intervenientes na mesa redonda seguinte sobre como potenciar Negócios no Digital, que contou também com Pedro Araújo, da Brandit (empresa de web design e multimédia) e Alexandra Malheiro, do IPCA. A discussão começou pela resistência das PME nacionais em avançarem para o digital. Sobre isto Pedro Costa é perentório, “Quando todos os concorrentes franceses e espanhóis estiverem a vender online, os empresários portugueses também vão querer estar, mas isso é daqui a 4 anos e nessa altura será muito mais caro.” Mas para que o investimento tenha retorno é fundamental pensar bem na estratégia a usar.  Pedro Araújo aconselha os empresários que queiram lançar um projeto de e-commerce a não esquecerem a análise das métricas. “Não é possível ter uma loja sem Google Analytics. É o mesmo que ter uma loja de rua e não ter eletricidade!”, comparou. Sobre as dificuldades dos negócios digitais, os oradores são unânimes: é difícil encontrar e manter profissionais com as qualificações necessárias…sobretudo programadores. Pedro Costa explica que há fragilidades na formação tecnológica e de marketing “Há um afastamento do ensino para estas áreas. Os programadores quando saem da faculdade não sabem programar e quando aprendem vão, muitas vezes, trabalhar para o estrangeiro”. Pedro Araújo continua, “Há pouca ligação das empresas às universidades, isto porque as universidades são muito mais lentas a atualizarem-se. Nos EUA isso não acontece.” Pedro Costa concorda “O sucesso das pós-graduações e dos cursos é mesmo por causa da incapacidade das universidades em passar a experiência real do mercado de trabalho.” Por seu lado, Alexandra Malheiro entende a crítica, mas defende que nos politécnicos o ensino é mais prático, até pela formação dos professores “Além de doutorados têm de haver professores com carreira no mercado de trabalho.”, explicou. No entanto, para a docente não são apenas as competências técnicas que devem ser trabalhadas “Os professores universitários têm de adaptar-se às necessidades dos novos alunos, temos de ajudá-los a desenvolver competências transversais e a capacidade de criar redes de colaboração”.